terça-feira, 4 de junho de 2013

ORAÇÃO A SATÃ




ORAÇÃO A SATÃ

Oh Satã, tu que é a sombra de Deus e de nós mesmos, digo estas palavras de agonia para tua glória. Tu és a dúvida e a revolta, sofisma e a impotência, tu vives novamente em nós, como nos séculos atribulados quando reinaste, manchado de sangue das torturas como um mártir obsceno no teu trono das trevas, brandindo em tua mão esquerda o cetro abominável de um símbolo fálico. Hoje teus filhos degenerados estão espalhados e celebram teu culto nos seus esconderijos. Teus pontífices tradicionais são como pastores cegos, viciados, infames, mágicos presunçosos, envenenadores e párias. Mas teu povo cresceu e, Satã tu podes te orgulhar da multidão de teus fiéis, tão pérfidos como tu desejaste. Este mundo que te nega, tu habitas nele, tu chafurdas nele em rosas mortas de um monte de lixo cediço e mal cheiroso. Tu ganhaste, ó Satã, embora anonimo e obscuro, por mais alguns anos ainda; mas o século por vir irá proclamar tua vingança. Tu renascerás no Anti-Cristo. A ciência dos mistérios subitamente fez jorrar uma onda negra para saciar a sede dos curiosos e ansiosos; homens e mulheres jovens viram-se reflectidos nestas ondas que intoxica e enlouquece. Ó fascinante Satã! Arranquei tua máscara de gula voluptuosa e me perdi de amor ante tua face coberta de lágrimas, bela como o rancor e malogrado. Ó hediondo Satã! Descobri tua ignomínia para revelar tua ociosidade. Se teu tormento involuntário parece nobre e infinito é iluminado pela honra de se tornar uma redenção. Ó Bode Expiatório do mundo, teu coração que bate qual de um homem ocioso que aspira o abismo imenso e final - tu soltas os suspiros de um Messias, mas tu corrompes e degradas como se fosse uma danação. Por seguinte, espalharei tua infâmia, e tua atração, cantarei teu lamento infinito. Tua arte, último ideal do homem decaído; mas se as asas do querubim estão impregnadas do paraíso, se o seio da mulher goteja suave compaixão, tua barriga escamosa e tuas pernas de animal exudam ociosidade fedorenta, coragem negligente e consente nas mais vis baixezas. Ó sagrado herege Satã, símbolo degenerado do Universo, tu que conheces e sofres, tu pode vir a ser, de acordo com as palavras da Promessa Divina, o espírito reconciliador da Expiação!




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